28.6.11

Espanto

Ela pensa que fala (a alma é muda). E a solidão que a toma, como em um turbilhão, ensina o caminho de se afastar de si. A respiração é pouca, os gestos são brandos. Ela não podia estar ali. Por isso, não vive, não deixa, não aceita. Diz adeus quando deveria dar abraços. Pede perdão quando o certo é um obrigado. Só vai seguindo. Só, vai seguindo. Só vai, seguindo. Não volta. Não pode voltar. Não quer. Mas não é dela o devir. Nem o saber. Apenas o sentir, que já não está ali. Porque não quer estar. Porque não deve. Porque é assim. Ela disse.

Ele não.

E a vida que perde é o que ela ganha no fim.