28.6.11

Espanto

Ela pensa que fala (a alma é muda). E a solidão que a toma, como em um turbilhão, ensina o caminho de se afastar de si. A respiração é pouca, os gestos são brandos. Ela não podia estar ali. Por isso, não vive, não deixa, não aceita. Diz adeus quando deveria dar abraços. Pede perdão quando o certo é um obrigado. Só vai seguindo. Só, vai seguindo. Só vai, seguindo. Não volta. Não pode voltar. Não quer. Mas não é dela o devir. Nem o saber. Apenas o sentir, que já não está ali. Porque não quer estar. Porque não deve. Porque é assim. Ela disse.

Ele não.

E a vida que perde é o que ela ganha no fim.

23.6.11

Assim

“Mientras desnudo el ruido de mi mente, / saber que estas ahí me hace más fuerte.” (Vetusta Morla)

Pode ir embora. Cansei de achar que você estava aqui quando, na verdade, tudo o que me restava era uma esperança de algo que nunca existiu. Seu nome não me diz mais nada, sua imagem não me traz qualquer alegria. Prefiro apagar seu telefone e ignorar as mensagens que podem estar por vir. Você não merece, quem sabe sequer um dia mereceu. Tolo fui eu ao me apegar a palavras ditas, mesmo sabendo que são os fatos que devem nos fazer ter no que acreditar. E agora, enquanto você sorri, eu vocifero que prefiro jamais te (re)encontrar.

Pode ir assim. Eu não vou chorar. Mas leva contigo a amargura de quem não viveu para realizar e me deixa aqui, com os seus postais que vão se guardar, sem chegar ao destino – a dura lembrança da distância que pertenceu a nós.

Prefiro voltar sozinho ao meu caminhar.

10.6.11

Mis baldosas amarillas

A sensação de não ser mais parte do espaço ao qual você sempre pertenceu. A vontade de correr para onde você se sente bem. A necessidade de estar distante para se entender melhor. A urgência de viver uma vida que vá além da que você se acostumou.

Eu preciso do ar.

(E de pegar aquele primeiro avião que me leve até lá)