2.2.11

Quebre o vidro

Às vezes tudo o que gostaria é saber a hora exata de frear. Mas, acostumado que sou às intensidades da vida, sempre me vejo apegado a pisar fundo, como se a oportunidade fosse única, independente de o momento ser oportuno ou de a situação ser propícia. Assim, assumo riscos que não deveria e faço escolhas que poderiam ser perfeitamente evitadas se houvesse um mínimo de prudência. Tudo em velocidade estonteante. O que não seria mal se o mundo rodasse na mesma passada e as outras pessoas me acompanhassem nisso. Porém, é claro, não é o que ocorre. Por isso essa sensação de descompasso não sai de mim, e o resultado tende ao nada. A partir daí, o que resta é silêncio, angústia ou sei lá o quê. E tudo por não dar dois passos para trás antes de um para frente, como reza a cartilha da pessoa sensata. Ok, eu sei que muitos dirão que a vida com desconfiança não tem graça, que tentar é necessário e tudo mais. Só que eu juro – juro mesmo – que tudo o que eu queria era ter alguma cautela ao viver.

Ou ao menos ter algum freio de mão para acionar em caso de emergência emocional.