5.12.04

Antes Depois

Acordo sem a compreensão exata de quantas horas se passaram desde então e a sensação que tenho é que pouco ou quase nada mudou sei que às vezes as coisas perdem o seu sentido em meio à repetição mas quem são os que percebem que as novidades também são cíclicas como todas aquelas comédias românticas de Hollywood que a gente critica mas assiste acreditando em algo maior e melhor é estranho quando emoções intensas e inexperimentadas tomam conta da gente mas não menos estranho é quando descobrimos que não sentimos nada mesmo querendo sentir e aí o que sobra é um mistura de lamentação angústia frustração tristeza incerteza dor a saída passa a ser então fechar-se cada vez mais ainda que o mundo mostre para você que nada é à toa e que mesmo que soe como novo ou velho nunca se pode dizer o que é algo até se experimentar mas há sempre medo envolvido e o pensamento de que existe muito mais a ser perdido do que o que pode ser ganho permanece martelando a cada manhã sem ressaca talvez o pensar seja a atividade mais desprezível do ser humano ao nos trazer a capacidade de entender o que é risco e nos fazer temê-lo sempre e ainda que a nossa ingenuidade tente dizer que não nunca somos depreendidos dele o suficiente para fazer o que deveria ser feito por isso as oportunidades são perdidas e viram sonhos utopias é quando a foto à sua frente parece ganhar vida e aquela música tocada repetidas vezes na manhã seguinte começa a tomar um sentido você só deseja que algo faça efeito para que os dias não passem simplesmente. São 12 horas para a nova idade chegar. O que mudará aqui?

15.11.04

Eu por mim mesmo assim de qualquer jeito igual a qualquer um

Olhar para os lados, mas não ver nada. Pensar várias vezes antes de agir. Escrever certo por linhas tortas. Talvez o mundo não saiba se acertar por si só, e seja preciso que cada ser humano repita-se infinitamente até que encontre alguma solução ou resposta para o eterno dilema de não se saber de fato o que se é. Curioso. E se alguém encontrasse a resposta, o que faria? Mudaria os cursos da história? Pouco provável. A repetição do erro é desculpa mais confortável do que a inabilidade com um novo possível acerto. Então guardaria para si? Duvido muito, há uma necessidade imensa de cada um de bradar uma descoberta aos quatro cantos como se isso o tornasse melhor por mais que um breve momento, até que ela se torna tão óbvia quanto as demais vítimas do tempo. O fato é que há muito pouco que se faça que fuja do lugar-comum, o óbvio que tentamos evitar a todo instante como se pudéssemos, de fato, alcançar alguma diferença significante. Eu não. Há muito já desisti dessa busca incessante e tortuosa. Sou mais simples agora. Aprendi a ser clichê.