16.8.03

Verdades

Acreditar em sonhos pode ser uma grande furada quando você não consegue viver sua própria realidade. Eu sempre achei que os sonhos eram diferentes da vida real, mas cresci ouvindo que era preciso acreditar neles para se viver melhor. De repente quando se é criança isso faz algum sentido, e até mesmo na adolescência ainda deve servir para algo como alimentar o ego ou criar maiores pretensões, sei lá. O maior problema é que não se constrói, paralelamente, uma preocupação com a altura do tombo. Porque subir é fácil, já que a imaginação não oferece grandes bloqueios. Mas tem a contrapartida, e ela dói. Porque uma hora você vai cair, e aí o chão se vai e você fica perdido sem entender o porquê de tudo aquilo em que você acreditava poder se segurar sumir de uma hora pra outra. É nesse instante que você começa a esbravejar, a questionar tudo que foi dito ao longo de anos como uma doutrina e que, de repente, virou um conjunto de mentiras de momento. A isso eu chamo frustração, e penso que as pessoas deveriam se preocupar mais em não cultivá-las, só que essa história de sonho volta e meia fode com tudo. Eu mesmo vivo sendo enganado, e olha que já aprendi que a vida se mostra em branco e preto e os sonhos em colorido, logo não devia cair no mesmo erro, só que às vezes parece que a vida ganha um pouco de cor e eu vou que nem um pato, achando que o sonho pode virar realidade. Porra nenhuma. As pessoas sempre me mostram que eu estou enganado. Só é estranho perceber isso tão tarde. Eu já deveria saber. O problema, na verdade, está lá no início. Maldita infância.