Pausa. Um, dois. Pausa. Um, dois. Passos. Muitos passos. Não escuto meu respirar. A porta bate. Um, dois. Pausa. Entra a música. Meu coração acelera. Vozes. Algumas vozes. Meus pés querem dançar. Pausa. Um. Pausa. Um, dois. Pausa. Uma mão encosta. Um, dois. Um, dois. Um. Dois. Pausa. Som. Pausa. Nota. Pausa. Eu. Pausa. Você. Seus cabelos mexem. Sua boca seca. Seus olhos. Dois. Meus olhos. Um. Vejo seu respirar. Seu coração dança. Seus pés querem acelerar. Pausa. Duas pausas. Uma mão afasta. A porta se abre. Silêncio. Algum silêncio. Retornar.
20.6.12
Sobre pequenas coisas e nada mais
Talvez
ela não saiba, mas, ainda hoje, toda vez que ele abre os olhos e a
vê ao seu lado, ainda dormindo, o coração dispara como se fosse a
primeira vez que a encontrasse ali. E se sente pleno, feliz, como o
deve ser todo homem que, um dia, sonha em encontrar a mulher com quem
vá dividir todos os seus momentos pelo resto da vida. E toca seus
cabelos sutilmente, para que ela não acorde. E a abraça com
carinho, para sentir o seu corpo. E pensa que é único, porque ela é
dele assim.
Talvez
ela não saiba, mas, ainda hoje, toda vez que ele fecha os olhos e a
vê em seu pensamento, ainda sorrindo, a respiração acelera como se
fosse a primeira vez que a beijou. E se sente criança, apaixonado,
como o deve ser toda pessoa que encontra, finalmente, a pessoa com
quem consegue se imaginar vivendo cada segundo pelo resto da vida. E
fala em seu ouvido as palavras mais doces, para que ela saiba que é
especial. E a beija com firmeza, para que cada beijo seja
inesquecível. E pensa que ela é única, porque ele é dela assim.
Talvez ela
não saiba, mas, ainda hoje, toda vez que ele procura palavras para a
descrever, o que sobra é o silêncio. Porque algo dessa forma não se
escreve, não se fala, não se registra. Sente-se, dia após dia, a
cada amanhecer, a cada anoitecer, juntos ou separados. Porque é
felicidade, amor, vida. Porque é assim. E, por isso, só eles dois
podem viver.
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