Teoria da lata
O maior problema das promessas feitas a dois é que, muitas vezes, aquele que propõe é quem, de fato, acredita na sua realização. À outra parte cabe ser conivente, assentindo sem pensar direito na responsabilidade da aprovação. E tudo está bem até que se coloca no caminho o momento em que é preciso decidir se vai se fazer de fato aquilo ou não. A partir daí, descobre-se que as visões são diferentes, que os momentos são incompatíveis, que as expectativas são outras. Enfrenta-se a dor e o ônus de se desfazer os castelos de areia montados ingenuamente, enquanto se sente os grãos de um sonho que nunca vai se concretizar escorrendo de forma cruel pelas mãos. As palavras ditas não valem registro, as escritas já foram apagadas. E aquele que propôs tudo descobre que está sozinho, e que talvez sempre tenha estado, enquanto a outra parte, que um dia aparentou estar ali, já encaminha os planos de um futuro qualquer distante dali.
É assim que termina, com um “esquece que eu existo” ou “você vai viver melhor sem mim”. Sem planos, sem tempo, sem volta.
Podia não ser assim. Podia ser apenas teoria.
Mas há sempre alguém para colocar em prática.
Quem eu vou ser depois de você?