27.7.11

Um par de anos e mais

Lembro-me de que, um dia, ouvi que as desilusões aumentavam com o tempo. Talvez por ainda ser jovem na ocasião e pressupondo que as dores que sentia naquele momento jamais seriam suplantadas, apenas ri. Mas aquelas palavras nunca saíram de mim. Por enquanto, pensava até que o contrário aconteceria: pela repetição, aprenderia que a cada nova dor o sentimento seria abreviado, e que doía mais agora porque somente quando se viveu tão pouco se pode ter o amor puro como ele deve ser. Aí veio o tempo. Com ele, as porradas. Perdendo ali, errando aqui, desistindo lá. A cada experiência, uma nova dor. E nada de me acostumar, de me tornar imune, de não sofrer. A única melhora era a reação: troquei os meses em casa, chorando, pelos dias nas ruas, bebendo. Porém, a vida adulta foi me trazendo a certeza de que os fracassos eram mais agudos – um pouco por entrarem na conta dos anos que faltam para findar, um outro tanto por representarem a repetição que a maturidade devia ajudar a evitar. Dose. Muitas doses. Alguém dirá que o valor dos acertos também muda, principalmente porque passamos a ver o que eles de fato são. Ignoro. Até parece que não sabemos que é na tristeza que preferimos nos situar. Por conta disso é que nos é tão difícil sorrir. Ou mesmo chorar. Sim, aquelas palavras estavam certas. Sim, aquelas dores vão sempre existir e aumentar. A gente acaba por descobrir que é assim. Só não entendo por que não desiste de experienciar.