18.2.13

Travessia

Por muito tempo, procurei a euforia. Cansado da mesmice, acreditava que o novo me traria sempre algo de bom. Por isso, abandonava, trocava, descobria. No recomeço cotidiano, satisfazia-me. Mas o conforto pouco durava, e os ciclos voltavam a se repetir. Corria atrás de uma emoção desestabilizadora, de uma alegria incontornável, pensando que era no excesso que se encontrava a plenitude. Quanta ilusão. Hoje, busco a calmaria. Aprendi que nas sutilezas posso encontrar o que me cabe, e que, nas ausências, consigo valorizar o que realmente conta. Já não me importam os números - essa felicidade que se quantifica para nada. Quero o menor, o especifico, o circunstancial. O que se basta por si só. O quase-instantâneo. O mais-que-momento. O talvez-eterno.

Por muito tempo, procurei ter mais. Agora, procuro o que quase não se vê - mas se sente, e de tão doce, faz não precisar de nada além. E só por isso já vale a pena acreditar.