14.7.08

Pelos domínios

A obsessão do controle sempre me perseguiu. De início, foi a dos pensamentos a que me tomou, ao julgar que todos poderiam ser ordenados e conscientes. Depois, acreditei na dos sentimentos, achando que era capaz de escolher por quem e o que eu iria sentir. Mais tarde, dei vazão à dos meus atos, vislumbrando a possibilidade de abdicar dos impulsos e só agir quando pensado. Hoje, carrego comigo a do tempo, a que mais me angustia e me revela incapaz. A pior de todas. A que atesta nossa limitação, que nos faz meros reféns, que impede de nos mover. A incontrolável. A mais inútil. Porque é no fracasso dela que me vejo sujeito oprimido, cerceado por obrigações-de-dia-e-noite, errante na velocidade intensa do tempo-infinito. Todo controle é insuficiente. Sem ela eu me perco, sou vítima, pobre coitado da rotação mundana. E às vezes tudo que eu desejo é parar e dizer que não dá para seguir adiante. Mas não se é possível mudar o que se escreve com convicção. É quando o estar ocupado vira a regra, e nada mais faz parte das vontades que realizam sonhos. Me-ca-ni-za-do. Es-que-ma-ti-za-do. Simplesmente automatizado. Ou qualquer coisa que o valha para indicar que não somos donos do que queremos. A obsessão do controle. A mais inútil. O meu vício.